quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ENTREVISTANDO O MESTRE


(foto: montagem de Aldevan Jr. em foto divulgada no site "Ego")

No dia dos professores, o Caneta de Chuteira traz uma entrevista com um grande mestre, que já apareceu num post deste blog. Trata-se de Ronaldo George Helal, professor da Uerj, cujo extensíssimo e brilhante currículo você pode visualizar CLICANDO AQUI.

Na universidade, seu nome ecoa nos corredores do 10º andar para exemplificar profissionalismo e paixão pelo futebol, grande objeto do seu estudo. E aproveitando o seu gosto pelo esporte que o Caneta tem como foco principal, o blog o procurou para falar de um tema muito interessante para esta reta final do Brasileirão: o poder das torcidas.

Foi com grande honra que o escolhi para ser o meu primeiro entrevistado. Primeiro entrevistado mesmo, pois foi a primeira entrevista que realizei na vida.




CANETA DE CHUTEIRA: Professor, agora nesta reta final de Brasileirão, comenta-se muito sobre os fatores que podem levar uma equipe ao êxito ou ao fracasso. Um dos fatores é a tal torcida local. Até que ponto uma torcida pode ajudar, ou não, uma equipe nesta reta final de Brasileirão?
RONALDO HELAL: A torcida pode ajudar comparecendo em massa, incentivando o tempo inteiro. O ator, por exemplo, gosta quando o teatro está cheio, fica mais motivado. Isso serve tanto para os times que estão brigando pelo título quanto para quem briga para não cair. Agora, o sucesso do oponente depende do fracasso do clube local. Não adianta nada ir ao estádio e não apoiar a sua equipe, já que a vaia local motiva o adversário. Lembro de uma viagem ao Rio Grande do Sul nos tempos em que eu viajava com a torcida do Flamengo, pela década de 70. Fomos ver Internacional e Flamengo. Neste jogo, a torcida do Inter começou a vaiar o time logo no início da partida. E eu falava para os amigos que era a senha para mais uma vitória do Mengão.E o Mengão acabou ganhando mesmo; acho que foi 1 a 0, gol do Bianchini.

CANETA: Para o senhor, o torcedor que vaia a sua equipe está no seu direito enquanto consumidor ou a falta de apoio é que move o fracasso?
RH: O torcedor tem o direito de vaiar sim. Mas é como já disse; se a torcida local começar a vaiar a sua equipe nos 15 primeiros minutos, por exemplo, dará a oportunidade de o adversário crescer. O torcedor pode vaiar, mas tem que ter o senso crítico de que ele pode estar desmotivando a sua equipe. Como no caso dos times que estão lutando contra o rebaixamento; a falta de apoio da torcida pode ser crucial. No próximo clássico entre Vasco e Flamengo, se o Flamengo fizer um gol e a torcida do Vasco vaiar o time, certamente será mais uma derrota para a equipe cruzmaltina.


CANETA: Por que o torcedor brasileiro não é como o da Argentina, país vizinho, que tem como característica apoiar até o fim às equipes que torcem? O fato de o brasileiro deixar de apoiar a sua equipe quando ela começa a jogar mal é cultural?
RH: Uma partida emblemática que assisti lá na Argentina foi Argentinos Jrs. 3, Boca Juniors 1, em plena Bombonera. Os xeneizes não pararam de cantar um só minuto. Sabe qual foi a forma de protesto? Eles não aplaudiram a equipe após a partida. Lá, o torcedor tem que ser “AGUANTE”, ou seja, o cara que agüenta, que está com o time o tempo todo. Eles estranham o fato de o torcedor brasileiro vaiar a sua equipe nos jogos em casa. Aqui eu presenciei recentemente uma atitude parecida na Libertadores do ano passado, na partida de volta das oitavas-de-final da Libertadores entre Flamengo e Defensor. O Fla precisava de 3 a 0 para levar para os pênaltis e só conseguiu fazer dois. Mesmo assim, a torcida apoiou o time até o final, imitando o costume argentino e até aplaudiu após o término da partida. Porém, esta atitude não foi uma constante. Quando um time cai para a segundona, a gente vê uma aproximação maior da torcida, como nos casos de Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-MG e Corinthians, por exemplo. Mas quando o time sobe, o apoio incondicional não continua.


CANETA: Para encerrar, vamos fugir um pouco do tema principal: o senhor está assistindo ao Brasileirão? Em quem aposta que título? Quem chega a Libertadores? E quem cai?
RH: Sim, é claro que estou assistindo. Ao título, o torcedor Ronaldo está apostando no Flamengo, é claro. Mas o sociólogo vê o Palmeiras como candidato, pelo treinador que tem e pelo seu número de vitórias. No G4, acredito que a briga ficará entre estes que já estão mais Botafogo e Internacional. Sobre os times que vão cair, eu diria que do Figueirense ao Vasco, todos estão com chances de cair. O Santos não creio que caia. O Atlético Mineiro periga também, mas menos que os outros. Acho que minha opinião deve coincidir com a da maioria e não tem nada de sociológica. Não torço para a queda dos cariocas. Eu só torço a favor e sempre para o Flamengo.

9 comentários:

Blu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Blu disse...

Parabéns pela entrevista, Aldevan.
Seu professor deve ser fera mesmo pra mestrar na UERJ.

Sobre o fato das torcidas não apoiarem até o final, diferentemente dos argentinos, eu acho total questão cultural. O torcedor entra no estádio com a paixão 100%, esperando uma vitória de seu time. Quando não consegue, o sentimento vira outro, tipo de quando se perde dinheiro.

Atribuo também a nossa Seleção Brasileira que é 5 vezes campeã do Mundo. Não nos contentamos com pouco, muito menos no futebol. Segundo lugar aqui no Brasil não existe, passa até a ser vergonhoso.

Saulo disse...

Super fantástico essa entrevista. Sensacional.
Concordo com o Bluthiere Lima. Segundo lugar no Brasil não vale nada. O brasileiro é muito apaixonado pelo seu clube até mais que a própria seleção brasileira e quer ver sempre ganhar.

Pâm Cristina LF* disse...

Show a entrevista!!
Parabéns!!

Beijosss
=D

warley.morbeck disse...

Esse é um grande Rubro Negro.

Warley Morbeck
http://flamengoeternamente.blogspot.com/

Seu Cunha disse...

Parabéns bela entrevista e parabéns a todos os professeres do nosso Brasil.

Saluti celesti

Anônimo disse...

eu vi o odvan na primeira pagina do jornal com a camila do flamengo, eu olhei odavan?
ai depois que lembrei rs

Monique Andrad disse...

A sua entrevista com o Helal serviu apenas para constatar o tamanho da sua competência. Está brilhante, Junior. Ótimo texto e ótima matéria são fruto de um grande jornalista, e pelo que percebi você é um deles. Mal posso esperar pela próxima exclusiva.
Beijos, te amo!

Brasileirão disse...

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